segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sonho com o quê ainda não me parece impossível.




É apenas uma necessidade louca de companhia.
Não qualquer companhia, mas aquela que espante a solidão.
É uma vontade tremenda de abraçar, sentir o enlace de dois corpos,
o dividir de mãos, de calores, de beijos e desejos.
Não é que isso seja o éter de minha existência,
mas a ausência disto é minha perdição.
Ando e esbarro em muitas fontes,
quase todas secas,
e em cercas...
Cercas gigantes, íngremes e sós.
Cercas de pregos, a sangrarem.
Cercas sem flores, sem sons, caladas e mortas.
Esbarro em muitas almas, tão quietas como o nada.
Ando pelo escuro, pelo alto, pelo chão e pelo vão...
Ando a semear sementes em terras podres, a derramar água em vales esquecidos.
Ando só, a espreitar a pouca luz que a lua ainda emite, a proclamar os versos que ainda não esqueci.
Embora tudo cheire a descrença e medo, a antipoesia, a antiromantismo... Uma parte de mim ainda sonha.
Sonha com vales felizes, com anjos cantando cantigas e homens a deitarem uns sobre os outros, a provarem de um mel que parece esquecido, a dividirem mais que minutos, mais que orgasmos.
Sonho, sonho com o quê ainda não me parece impossível.

Um comentário:

  1. Esse poema é mesmo incrível, Charles, fiquei todo arrepiado.... Voce mostra que está cada vez melhor

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