distante
saindo da baía rumo ao horizonte
o barco branco
a levar o corpo morto
da jovem infante
sobre os seios delicados
alvas margaridas
sobre a cabeça castanhada
uma coroa de tristes violetas
o corpo da moça que lá vai morto
mais gelado que as águas salgadas
do mar
sou eu
é o meu corpo
o corpo de Inês e o de Ofélia
é o corpo de Orfeu
o corpo de quem se perdeu
na vida
e cuja morte talvez fosse uma saída
não fosse a morte a morte
com os olhos marejados de lágrimas
e algas
fico a ver meu corpo
esta que fui
e que jamais serei novamente
amor como aquele nunca mais
nem sorte, nem morte
não há, por fim, Ulisses que possa vir do Norte.
C. Berndt
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