pobre Orpheu
da antiguidade
perdido em sua soledade
abandonado
do amor amargurado
na Trácia pela fúria assassinado
para cada lado um membro
só a cabeça com a cabeleira extensa intacta
seu rosto triste e humano
a escapar das mãos das feras
a correr pelo rio abaixo
do tempo, das eras
reencarnado, ressuscitado, relembrado
sempre que a brisa é fria
e há espaço n'algum ser
para poesia
no oceano da vida
ser orpheu é cantar
ainda que haja sangue
hastear a bandeira da doçura
da esperança
quando só restar a loucura
e à porta dos infernos
falar de amor, de perdão e de ternura
orpheu sacrificado
Cristo também foi
na cruz que matou seu corpo, não seu sonho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário