quinta-feira, 8 de novembro de 2012


12:21 – aquele momento efêmero, depois do almoço, em que sentamos n’algum banco, com a  alma cheia de sono e vagar, e olhamos em volta:



Vejo-o de longe,
sentado com suas pernas abertas de homem.
homem macho – a contemplar o mundo,
                um mundo que cabe entre as suas pernas?!


Acho-o lindo – com suas pernas de homem
com suas pernas e seus pêlos de homem,
com seu ar de homem que pensa
ser dono do mundo porque este mundo que há
parece caber entre as suas pernas.


Ele fuma. Admira o céu e olha a tudo e todos
como se estivesse por cima.


Acho-o lindo – deitaria-me com ele,
despiria as suas roupas, despiria e jogaria a um canto
o seu imbecil  ar superior de homem.

Os seus cabelos balançam  - ele gosta do vento que embala o seu ego.
Dá uma última tragada, levanta-se cauteloso,
–  parece esperar por alguém,
só parece,
ele está só – só com seu ar de homem.


Vai embora – com ar desiludido,
olhando para trás,
de certo pensa
que ninguém reparou no quanto ele abriu as pernas.
Eu reparei –  mas ele jamais vai saber disso.

Para onde vai tanto ego?
Aonde te leva – nos leva – todo esse inflar de sensações, de aparências?
Tudo não se esvazia, foge e  se escapa no fim de um orgasmo?
Orgasmo – é para isso que os homens abrem as pernas?



Já não o vejo,
nem o balançar delicioso de suas nádegas – dois lindos e redondos gomos de laranja.
Ah. O meu cigarro também chegou ao fim
– desfez-se, virou fumaça, fluído.

Tudo desfaz-se e é vão
– o teu ar superior de homem e a minha poesia.
Poesia vã, que só vale o tempo de um cigarro.


Tudo é vão. 

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