ainda é o mesmo lago
o lago de narciso
que nos hipnotiza
que nos faz parar em meio ao caos
à dor de noites frescas
sentar no mesmo banco de madeira
reparar no boitatá de ferro
na margem do lago erguido, ser de asas abertas
que não voa
e eu ainda aqui
a sonhar contigo
tanto tempo perdido, não é mesmo?
o lago de narciso
onde se reflectem as luzes dos lampiões urbanos
as luzes das estrelas distantes
as luzes dos nossos olhos assombrados
vejo-me na água
ainda sou o mesmo Orfeu ressentido
a espera d'um milagre
d'um abraço que não virá
do outro lado do mar
pois, não virá a mim o Desejado
as névoas que cobrem esta terra ilhada
não o trarão
nunca mais
e dentro do lago
quem me fita, desterrado,
é ainda o mesmo narciso,
face antiga,
afogada...
***
C. Berndt
18.03.2016
Só posso dizer que amei esse blog, me tornei fã.
ResponderExcluirAliás, qualquer alma sensível encontrará aqui um refúgio acolhedor.