segunda-feira, 16 de abril de 2012

Convite,

Senhor Silêncio,
moço dos dedos de veludo,
vem ter comigo esta noite.
Quero falar de mim
e de muitas coisas,
mas sem as palavras, querido.
as palavras nos enganam tantas vezes.

Chegue mais perto,
sente-se à beira da minha cama,
sob a luz do meu abajur,
vem ter comigo e meus olhos tristes,
seca-me algumas lágrimas,

E sopra-me o rosto,
sem dizer nada,
apenas com tuas mãos,
monsieur,
tire as suas luvas,
deite sua cartola e seu capote,
converse comigo.

Conversemos
na língua das mariposas,
somente os sentidos e
nossas faces refletidas
nos nossos molhados olhos.

Com delicadeza
e gentileza
puxa-me de leve o queixo pr'a cima,
pois meus olhos têm querido olhar apenas o chão.

Conta-me anedotas,
distrações,
leva-me como faz o vento com as folhas,
deslizando
pelas calçadas, tão leves,
esquecidas e humildes.
     
Sem dizer nada
faz-me esquecer
um pouco
de mim, de tudo,
das palavras.

Shhhhh. Toca-me com o dedo nos lábios,
Senhor Silêncio.



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