quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Sonho de cada dia.
Sentiu-se leve
e assim,
«levado»
pelo embalo dos sons da madrugada
foi deitar-se
com a cabeça cheia de sonhos
e vontades...
Sonhou que tudo era leve
e que podia girar como giram os bailarinos
sem se machucar.
Girou, girou
e despiu-se de tudo,
do medo
da ansiedade
e da Saudade,
sonhou que o mundo era pequeno,
que o longe é já aqui
e que o Tempo é sempre muito.
Rodopiou-se,
girou-se
entre os sentimentos,
bagunçou alguns,
trocou-os de lugar,
perdeu-os...
Ah,
se a vida tivesse asas
e este gosto fácil
de sonho,
ele não teria de dormir
para sonhar dias felizes!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Númenna
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
a última nuvem roxa.
lá se vai a última nuvem roxa
-a desgarrada, que no céu anda perdida-,
hoje, o senhor não quer lágrimas sobre esta terra.
voa sem pressa para trás de um monte
-a delicada-,
onde possa dar vez ao choro
sem sentir vergonha.
e se a pobre nuvem roxa
olha para terra com medo,
contendo-se,
eu largo os meus olhos soltos no céu
para que minhas lágrimas não caiam sobre chão.
Noite soluçante.
ave preta que poisou na minha janela,
ouves a noite a soluçar?
Ela é tão triste,
suas lágrimas são grossas,
como as de uma noiva abandonada no altar...
ouves, querida ave?
Tu que voas o dia todo
pelos campos e pelas colinas,
plantando e colhendo versos...
E à noite,
quando Apolo esconde sua cabeleira
loira por detrás dos montes,
voas para mim,
grasnando,
trazendo-me pequenos e
delicados versos,
botões de violeta
que escondo nos bolsos...
ah, mas de quê adiantam os versos
Se não dão vida ao meu pálido coração
nem matam a tua negra solidão?
a Noite continuará soluçante...
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