Tu és um sol triste
que se põe todos os dias
na tarde fosca da minha mágoa.
És como uma doce e mítica canção;
cantada e dançada pelos faunos
em torno das fogueiras antigas,
no interior das florestas,
escutada outrora pelas ninfas
que eram atraídas pelo calor
das línguas de fogo
e pelas vozes masculinas.
Tu és também céu, lua e estrelas,
pois é lá que muitas vezes te procuro.
És as frases bonitas dos livros que leio,
os olhos vivos dos personagens dos filmes,
o perfume que sinto nas árvores,
a voz dos pássaros.
Vez ou outra,
te encontro também,
onde antes sentava contigo,
quando íamos ao parque,
quando andávamos por aí
- juntos e sem saber direito pra quê
e pra onde.
Tu ainda és a luz que procuro,
As mãos que ainda sinto a tocar-me - sonhando.
Tu és o anfitrião dos meus planos,
o companheiro, o amante, o meu querido.
E mesmo que me cantem os outros,
que eu ouça aqui e acolá,
um ou outro me dizer
qualquer palavra de encanto,
ainda assim,
são os teus olhos - e a tua voz
que me acometem
e me dizem que eu ainda quero - e não desisti -
de ser todo teu.
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