quarta-feira, 7 de março de 2012
Insônia, Pensamentos e versos de Florbela
Depois de acordar no meio da noite e de tentar frustradamente voltar ao sono, decidi levantar-me e fazer algo de útil. Lembrei-me de um professor que disse a uma amiga, certa vez que ela reclamava da falta de tempo, ''O que você faz da meia noite até às seis da manhã? Aproveite seu tempo!''
Bom, não sou do tipo que joga horas de sono ao vento, muito pelo contrário, eu tenho certa veneração pelo sono, é algo extremamente sagrado para mim, gosto de dormir e mais ainda, gosto dos sonhos! Enfim, além de ser humanamente necessário, o sono nos permite sonhar, nos permite tirar a nossa cabeça por algumas horas deste mundo tão turbulento, turvo e barulhento!
Eu vos falava da minha insônia... Pois bem. Levantei-me e estava decidido a fazer ''algo de últil''. Geralmente, eu vou ler algo, algum texto ou livro da faculdade... No momento estou com três livros sobre a cabeceira.... A ''Ilíada'', decidi que preciso relê-la há algumas semanas e essa necessidade precipitou-se porque estou a escrever um conto que envolve acontecimentos no período da guerra de Tróia, portanto, a Íliada é uma das melhores fontes, sem falar que é uma das mais belas e encantadoras obras poéticas ocidentais... Enfim, quando começo a falar de Homero e da Grécia, eu praticamente babo, melhor parar por aqui... Falava de três livros, certo? Os outros dois são ''A Jangada de Pedra'' de José Saramago, já que estou decidido a escrever sobre algo que me tem causado muitas dúvidas há algum tempo, trata-se, na verdade, de uma 'oposição' que uma professora me fez pensar certo dia: 'Lusofonia x Iberismo''... Falar da península Ibérica pressupõe José Saramago, é claro! Esse tema surgiu em uma aula de Cultura Portuguesa, que por sinal eu adoro, falávamos das relações culturais que Portugal mantinha com o Brasil e com os países africanos de língua portuguesa, isso nos fez falar de ''Lusofonia'', ''Acordo Ortográfico'' e todas essas polêmicas que estão na moda... Em seguida, o assunto passou a ser o poeta Miguel Torga e seu ''Iberismo assumido'', pra quem não sabe, Torga defendia que Portugal devia procurar semelhanças com sua gigante vizinha, a Espanha, e não com os ''trans-atlânticos'', os brasileiros. Tudo isso para vos dizer que o terceiro livro que está na minha mesinha de cabeceira é ''Poemas Ibérios'' do Torga.... Mais isso tudo são parênteses, pois o pretendido era e ainda é, falar de um quarto livro... O livro que fui ler para ''fazer algo de útil''!
Raios! Eu já me perdi e falei demais! Bom, quero este texto assim, mesmo que possa parecer confuso, ele é o fruto desta minha 'madrugada-manhã' de ''pensos-pensamentos'', pensamentos que estavam dependurados, quase como cabides, no guarda-roupa da minha mente. Enfim, delírios e metáforas à parte, eu comecei escrevendo isto para contar-vos sobre o que eu queria fazer de últil.... Sem grande supresa, eu fui ler o livrinho de capa roxa que também tenho na minha mesinha, ele chama-se ''Poesia Completa de Florbela Espanca''. Florbela é a poeta dos meus suspiros, é uma espécie de alma/aura/diva inspiradora! Quando vou ao Mondego, sentar-me na beira do rio nos dias de sol, são os versos de Florbela que leio.... Esta poeta de alma roxa, pálida e de ''fantásticos cansaços'', como ela própria diz, me fascina... Florbela é depressiva, vá lá, mas eu só a leio quando quero mesmo sentir o meu coração espremer-se, contrair-se, quando quero sentir algo ''shakesperano'', algo extremamente humano e ''à la Hamlet''... Neste momento, talvez, ficasse bem um gemido grego, daquelas lamentações que só encontramos em Eurípedes! O jornalista/entrevistador do Programa ''Provocações'' da TV Cultura, Antônio Abujamra, é quem sempre diz: ''Só mesmo um gemido grego para começar este programa.... Talvez devesse eu aqui dizer: ''Só mesmo um gemido grego para entender Florbela....''
Eu iria fazer um post somente para falar que li alguns versinhos de Florbela Espanca, mas acabei quase escrevendo uma ''Epopéia''.... Na verdade, por falar em Florbela Espanca, me cabe ressaltar que amanhã, dia 08 de março, Dia Mundial das Mulheres, estréia cá em Portugal um filme que representará justamente a vida desta extraordinária poetisa portuguesa. Pretendo ver este filme logo, estou ansiosíssimo!
Algumas informações sobre o filme podem encontrar aqui: http://bibliblogue.wordpress.com/2012/03/01/florbela-o-filme-estreia-a-8-de-marco-condicoes-especiais-para-as-escolas/
'' Então, pronto!'' - Gosto desta expressão, que é usada, geralmente, cá em Portugal, terra de Florbela e também onde moro há um ano e meio, quando se quer encerrar uma conversar. ''Pra já, é isto!''
Espero que o texto não tenha sido assim tão enfadonho e possa enriquecer-vos de alguma forma, nem que seja para rir do meu ''disparate'' ou procurar ler um pouco mais sobre Florbela Espanca...
Deixo-vos uns versinhos da ''poetisa dos magoados'':
''A lembrança do teu beijo
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.
Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'ido
Revive numa Saudade!
- ( Espanca Florbela. ''Cantigas leva-as o vento...'' in Trocando Olhares)
Bom dia!
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