na dúvida,
abra teu guarda chuva,
recolha-se no teu silêncio:
Deixe chover as estrelas.
Elas caem também para ti.
domingo, 29 de abril de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O tempo passa.
Sonhei contigo,
eu era novamente
o teu querido companheiro,
o teu amante feliz e invejado.
No sonho,
Tu vinhas visitar-me,
misteriosamente,
pisando a escuridão
[como quem pisa em penas...
Afagasvas os meus cabelos,
encostavas tua face quente
[na minha face enxuta de lágrimas
e te abrias em sorrisos,
[do mesmo modo como te recordo,
envolto numa coisa e luz que é só tua,
como quem diz:
«calma, coisa linda, o tempo passa, passa»
Horizonte
Sobre os ombros,
o peso dos dias
sem memória.
No olhar,
a ausência,
sal cristalizado.
Poema Horizonte de Luísa Dacosta in Poesia - A maresia e o sargaço dos dias
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Poema
Pensei em escrever um poema.
Mas, o acaso me fez ouvir esta canção composta por Cazuza,
aqui interpretada pelo digníssimo e talentoso Ney Matogrosso.
Desisti de escrever o poema,
a música diz tudo que estava/estou sentindo.
Algumas coisas são mesmo assim. Ah, o acaso!
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Pássaros Pretos.
Abril nublado e de chuva fina,
desfile de guarda-chuvas,
capotes e botas
que desviam das poças nas calçadas.
Abril preguiçoso,
garoeiro,
cheio de tardes que pedem bolinhos,
duas chávenas, dois corpos
e um sofá de molas.
Tardes assim tão chorosas
dão asas à minha melancolia,
fazem-na sair por aí, cinzenta, solta,
calada a olhar para os lados,
imaginativa.
O rouxinol que devia estar cantando
dorme recolhido nos buracos das úmidas árvores,
E os Pássaros pretos,
- ouçam-nos -
dependurados nos galhos e nos fios,
parecem ser os donos destes dias.
Pássaros pretos a gralhar a chuva, a chamá-la,
um solfejo de notas tristes sobre os telhados.
Pássaros pretos,
solitários como têm de ser,
descem, ás vezes, dos sobreiros
e pousam sobre os ombros das pessoas,
não são visto, nem notados.
Pássaros pretos
que servem para nos lembrar
de que o mundo também tem canções tristes,
de que o destino por vezes é pálido,
espeta-nos com sua vara e foge
com o rosto coberto.
Pássaros pretos,
pobres e desgraçados pássaros,
almas angustiadas que gra-a-lham solidão
em nossos esquecidos ouvidos.
Pássaros Profetas,
Sacerdotes das portas do eu,
Parte mística e órfã do nosso espírito.
Pingos e respingos
Lá vou eu,
com este corvo dependurado no ombro
a sussurrar-me seus versos fúnebres,
cheios de uma saudade dolorosa,
ele chora a vida e canta a morte...
Por compaixão,
eu sopro-lhe as penas
e digo-lhe com um desistido e
esperançoso sorriso no rosto:
«Blackbird singing in the dead of night,
Take these sunken eyes and learn to see.»
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Convite,
Senhor Silêncio,
moço dos dedos de veludo,
vem ter comigo esta noite.
Quero falar de mim
e de muitas coisas,
mas sem as palavras, querido.
as palavras nos enganam tantas vezes.
Chegue mais perto,
sente-se à beira da minha cama,
sob a luz do meu abajur,
vem ter comigo e meus olhos tristes,
seca-me algumas lágrimas,
E sopra-me o rosto,
sem dizer nada,
apenas com tuas mãos,
monsieur,
tire as suas luvas,
deite sua cartola e seu capote,
converse comigo.
Conversemos
na língua das mariposas,
somente os sentidos e
nossas faces refletidas
nos nossos molhados olhos.
Com delicadeza
e gentileza
puxa-me de leve o queixo pr'a cima,
pois meus olhos têm querido olhar apenas o chão.
Conta-me anedotas,
distrações,
leva-me como faz o vento com as folhas,
deslizando
pelas calçadas, tão leves,
esquecidas e humildes.
Sem dizer nada
faz-me esquecer
um pouco
de mim, de tudo,
das palavras.
Shhhhh. Toca-me com o dedo nos lábios,
Senhor Silêncio.
moço dos dedos de veludo,
vem ter comigo esta noite.
Quero falar de mim
e de muitas coisas,
mas sem as palavras, querido.
as palavras nos enganam tantas vezes.
Chegue mais perto,
sente-se à beira da minha cama,
sob a luz do meu abajur,
vem ter comigo e meus olhos tristes,
seca-me algumas lágrimas,
E sopra-me o rosto,
sem dizer nada,
apenas com tuas mãos,
monsieur,
tire as suas luvas,
deite sua cartola e seu capote,
converse comigo.
Conversemos
na língua das mariposas,
somente os sentidos e
nossas faces refletidas
nos nossos molhados olhos.
Com delicadeza
e gentileza
puxa-me de leve o queixo pr'a cima,
pois meus olhos têm querido olhar apenas o chão.
Conta-me anedotas,
distrações,
leva-me como faz o vento com as folhas,
deslizando
pelas calçadas, tão leves,
esquecidas e humildes.
Sem dizer nada
faz-me esquecer
um pouco
de mim, de tudo,
das palavras.
Shhhhh. Toca-me com o dedo nos lábios,
Senhor Silêncio.
sábado, 14 de abril de 2012
As tu dejá aimé?
Tantas vezes vi este filme e nunca me canso.
Gosto muito da atuação de Louis Garrel.
Louis Garrel e sua pálida melancolia no inverno de Paris,
gosto de suas olheiras,
do seus gestos tristes que revelam uma personagem extremamente sensível e ao mesmo tempo, alguém cheio de poder de regeneração. Esta regeneração chega através dos braços do bretãozinho, Ewain. 'Les chansons d'amou' e Garrel é só poesia, só poesia...
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segunda-feira, 9 de abril de 2012
Maysa - Uma melancolia que ganha corpo.
Terminei de reassistir a minissérie 'Maysa - Quando fala o coração'. Maysa acabou com meu estoque de lenços. O último capítulo da minissérie, principalmente, emocionou-me muito. As cenas em que Maysa e Jaime se reconciliam são extremamente tocantes. Acho difícil que alguém consiga não chorar nestas cenas. Eu não consegui. Estou em êxtase, reassistir esta minissérie deixou-me extremamente tocado por algo que ainda não sei... Talvez, seja apenas a minha melancolia. Talvez, Maysa, durante estes dias, com sua história e suas canções, tenha dado um corpo para minha melancolia, pois eu a senti como se ela fosse um outro ser humano, agarrado a mim, cantando-me coisas tristes, falando-me de amor e de coisas 'humanas', vi a minha humanidade tocada como poucas vezes antes.
A primeira vez que assisti esta minissérie foi há três anos, quando estava sendo transmitida pela primeira vez, na Tv. Contudo, desta vez, revendo-a, percebi muitas outras coisas que antes me fugiram, que antes não faziam sentido para mim. Hoje, estas coisas fazem sentido. Mas isso talvez se dê pelo fato de eu não ser mais aquele garoto, com recéns dezessete anos completos. Eu sou um outro, com muitas outras coisas vividas, pensadas, sentidas e sofridas. Hoje, me sinto mais próximo das coisas que Maysa tanto fala e nos mostra em sua história e suas canções, sinto-me próximo de algo que nem se quer consigo nomear, ou talvez consiga. Sinto-me próximo de 'minha humanidade', ou talvez, deva dizer 'maturidade'... Que seja. Não procuro muitas respostas ainda. Não nesta noite, pelo menos. Ainda estou me vestindo com as dúvidas e com a esperança.
Terminado de assistir o último capítulo da minissérie, eu fui ao youtube, comecei a assistir o especial: ''Maysa: estudos'', que tem quase uma hora de duração apenas, produzido em 1975 pela Tv Cultura. Neste programa, vemos a verdadeira Maysa. A verdadeira Maysa Monjardim a falar de si, de amor, da vida, de saudade... Este é um sentimento que me fica, tanto ao ver a minissérie, como ao ver o especial da Tv Cultura. Maysa foi fundo no que entendemos como 'saudade' e entendo bem isso quando ela diz, em certo momento, com seus olhos incrivelmente verdes, que '' nada é para sempre''. Conhecendo a história dela como conheci nestes dias, quase pude entender do que ela falava. Quase pude entender de quais momentos ela sentia saudade e lembrava com melancolia e claro, com alegria também. ''A vida é irrecuperável'' - diz o ator/apresentador/diretor Antônio Abujamra.
Acho que vou sempre sentir saudades. Saudades de pessoas que passaram em minha vida e que se foram. Saudade de momentos que vivi, de situações, lugares, cheiros, comidas, dias, fins de tarde, árvores... Vou lembrar, com a garganta apertando, de coisas que eu tive e vivi e que, por um motivo ou outro, foram-se. Mas as coisas são mesmo assim, tudo se vai e vem, algumas coisas e pessoas voltam. Eu torço, torço para que eu possa ter algumas coisas de volta, reviver novamente alguns momentos... Porém, estes já serão outros momentos, 'outras pessoas', talvez. Ainda assim, eu torço. Tantos dias e momentos ainda estão por vir, não é? Venham.
Despeço-me deixando-vos com estas indagações/inquietações/reflexões. Despeço-me e deixo-vos a doce, forte e contundente voz de Maysa, cantando nada menos do que 'Ne me quite pas'. Aproveito para vos indicar o link de um blog, onde encontram todos os vídeos deste especial da Tv Cultura, 'Maysa : estudos', organizados e em sua respectiva ordem:
Bonne nuit.
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O rapto de Ganímedes.
Absorto nos seus pensamentos,
puro nos gestos,
o jovem rapaz balançavam seu corpo
sem se dar conta do que provocava
nos olhos atentos do deus.
Zeus,
o deus das suaves mãos,
as mesmas mãos que
açoitam o mundo com seus trovões,
não resistiu perante
às curvas de um jovem homem,
um dos mais belos príncipes de Tróia.
O deus deixou que sua saliva escorresse,
seu desejo gritasse sem que em nada mais pensasse.
Suas mãos apertavam-se, ansiosas,
E sem se dar conta já não era mais um deus,
um deus em forma de deus,
era um imenso e grande corvo,
o maior que já se viu,
voando sobre os céus da velha
e ainda acesa Tróia.
Suas mãos, convertidas em garras,
desejavam aquele corpo macio,
branco como a lã das ovelhas,
delicado, mas másculo.
O jovem mal pôde resistir,
como resistir?
As garras do infrene pássaro
apossaram-se do corpo do príncipe,
que corria sobre o prado junto dos rebanhos.
Os olhos de Ganímedes viam nuvens de todas as cores.
Zeus, tendo voltado à sua forma,
já sobre os lençóis do Olimpo,
beijou o príncipe troiano nos lábios,
poucas vezes havia visto tamanha beleza,
nem o pescoço de Hera,
nem os seios de Alcmena
ou as pernas de uma ninfa.
Puxou-o para si e o possuiu.
O pai dos deuses,
que tudo podia e a tudo tinha,
sentiu-se ainda mais forte,
seu poder parecia maior...
O poder comparado a uma torre firme,
que se ergue com o sangue do desejo.
São nestes momentos,
quando nos braços tem um mortal,
que Zeus se aproxima de ser aquilo
que todos os deuses invejam...
Querem todos eles sentir o que nós,
humanos, sentimos...
Sentir o medo, o calor da vida,
da vida que um dia parte
e por isso mesmo, a vida torna-se mais viva.
Ganímedes sorriu feliz com seus olhos adolescentes.
Não mais lembrava dos castelos de Tróia,
das tardes de verão ou das ovelhas.
Seus olhos fecharam-se
e adormeceram, piscandodoçura.
Encantado, como se fora um anjo,
adormeceu sobre as coxas de Zeus.
Ganímedes
Quem disse que Zeus, o senhor do Olimpo e dos homens, não se apaixonava por rapazes?
Conheçam a história de Ganímedes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gan%C3%ADmedes_(mitologia)
Conheçam a história de Ganímedes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gan%C3%ADmedes_(mitologia)
Picture found in: http://mydarkenedeyes.tumblr.com/post/20792195573/goodnight-ganymede-by-yasmine-putri
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sexta-feira, 6 de abril de 2012
Maysa - Hino ao Amor
Com certeza eu voltarei a falar dela aqui em outra ocasião. Maysa é destas cantoras que a gente nunca esquece, pois sua voz temerosa como um relâmpago, cheia de emoção e dor assalta-nos o coração. Estou reassistindo a minissérie 'Maysa - Quando fala o coração', exibida em 2009 pela Rede Globo. A minissérie é fantástica, muito bem feita, dirigida, produzida e etc, etc. É mesmo difícil não impressionar e não emocionar-se, em muitos momentos, com a Maysa interpretada pela atriz Larissa Maciel. Como disse, voltarei em outro momento a falar melhor sobre esta cantora que tanto me fascina com suas músicas que reflectem uma mulher, um ser humano, que chegou à todos os auges, o auge da dor, do estrelato, alguém que talvez tenha experimentado de quase todos os excessos da vida, inclusive, os excesso do amor.
Deixo-vos uma cena da minissérie que acabei de assistir. É Larissa Maciel interpretando, mas a voz é de Maysa, claro.
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quarta-feira, 4 de abril de 2012
Pétalas roxas.
Perco a conta
de quantas vezes paro,
tiro os olhos do livro,
e lembro de ti.
Meu coração ainda
não se cansou de ser triste
e quer sempre
mais uma lágrima
com gosto de lembrança.
Diz-me algo, amor.
Manda-me um recado,
sete letras apenas,
pétalas roxas,
diz-me Saudade.
terça-feira, 3 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
O fim de um dia.
Esse é aquele momento de breve renúncia;
em que me deixo cair
de braços, pernas,
dorso, queixo e sentimentos...
Os meus pesares, passos e desejos,
renuncio-vos relâmpago,
por uma noite,
esqueço-os e guardo-os nas minhas gavetas.
É um pender de corpo-todo, alma e mente,
que é amigo nas horas que precisamos do nosso Silêncio.
Recolho-me, deito-me, mergulho esquecido de mim,
deles, de ti, meu querido, e de toda a estrada, da poeira, dos furacões.
Fecho as cortinas.
A única luz que vejo é a corajosa
e petulante luz do fim do dia,
que já assim fraquinha
diz-me versos tranquilos musicados
por párodos passarinhos
que dependurados nos telhados
me cantam o dormir do sol.
O sol vai deitar-se no colo do ocidente.
Eu, hei de cair onde os sonhos são gentis
e a realidade é delicada, doce,
como as amoras que eu colhia na infância.
em que me deixo cair
de braços, pernas,
dorso, queixo e sentimentos...
Os meus pesares, passos e desejos,
renuncio-vos relâmpago,
por uma noite,
esqueço-os e guardo-os nas minhas gavetas.
É um pender de corpo-todo, alma e mente,
que é amigo nas horas que precisamos do nosso Silêncio.
Recolho-me, deito-me, mergulho esquecido de mim,
deles, de ti, meu querido, e de toda a estrada, da poeira, dos furacões.
Fecho as cortinas.
A única luz que vejo é a corajosa
e petulante luz do fim do dia,
que já assim fraquinha
diz-me versos tranquilos musicados
por párodos passarinhos
que dependurados nos telhados
me cantam o dormir do sol.
O sol vai deitar-se no colo do ocidente.
Eu, hei de cair onde os sonhos são gentis
e a realidade é delicada, doce,
como as amoras que eu colhia na infância.
Poema escrito em 14 de março de 2012, em Coimbra.
domingo, 1 de abril de 2012
Nocturno.
Eu-melancolia.
É o que sou;
uma folha branca em neve
a cair em câmera lenta
ao som de um Nocturno de Choupin.
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