domingo, 28 de janeiro de 2018

pobre Orpheu
da antiguidade
perdido em sua soledade
abandonado
do amor amargurado
na Trácia pela fúria assassinado

para cada lado um membro
só a cabeça com a cabeleira extensa intacta
seu rosto triste e humano
a escapar das mãos das feras

a correr pelo rio abaixo
do tempo, das eras

reencarnado, ressuscitado, relembrado
sempre que a brisa é fria
e há espaço n'algum ser
para poesia

no oceano da vida
ser orpheu é cantar
ainda que haja sangue

hastear a bandeira da doçura
da esperança
quando só restar a loucura
e à porta dos infernos
falar de amor, de perdão e de ternura

orpheu sacrificado
Cristo também foi
na cruz que matou seu corpo,  não seu sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário