domingo, 21 de setembro de 2014

Tempestuo.

nuvens brancas
largas e fortes,
extensa cordilheira de montanhas
suspensa no céu,
lembram-me o teu corpo
e eu não sei dizer porque,

o teu branco corpo,
delicado,
pequeno
e tantas vezes fugidio,
que tanto amei beijei penetrei,

que hoje
me é tão distante,
mais do que essa montanha de nuvens
vulcão adormecido de água em vapor
que logo descerá à terra,
talvez na forma de uma tempestade,
talvez como uma mansa e dolorida garoa de primavera,

a minha cabeça se enche de nuvens
e os meus olhos de água do mar,
tempestuo sozinho,
vou pr'a casa,
as lembranças se misturam, são espuma
ou qualquer coisa informe, escapam

o teu corpo,
o teu rosto,
o meu amor,
tudo isto está no céu, naquela montanha gigante
de nuvens de algodão doce
que talvez se torne
água do Atlântico
e vá te visitar
num dia em que estiveres sozinho
a ver o sol se pôr na Figueira da Foz,

vou pr'a casa,
tempestuo,
queria ser nuvem,
asa,
ar, vento,
Deus,
teu.



(C. Berndt)

2 comentários:

  1. Seu blog é um dos melhores que já li, comecei a acompanhar e não paro mais. É perfeito ler os poemas com aquela chuva de primavera, enrolada num cobertor e com um copo de chocolate nas mãos. Espero ter a oportunidade de ler e reler o seu blog por muito tempo, continue assim! =)

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  2. Obrigado, Fabiane Barbosa. Obrigado pelo carinho, pela leitura, por acompanhar meus textos e discussões. Gosto desta imagem que descreveste! Espero ter-te sempre por aqui! Um abraço forte!

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