domingo, 21 de maio de 2017

poema.

a folha em branco
me é um desafio
porque quero preenchê-la
fraturá-la
com minhas palavras
drásticas
dessacralizar o seu branco plácido
e virgem
manchá-la
acariciá-la com minha pele
sôfrega
arrancar de seu corpo branco gemidos brandos
e libertadores
só gozaremos
- o papel e eu -
quando enfim nascer
maldito
ou bendito
um poema
ainda que torto, roto, torpe
sem sorte
poema a falar da dor e da morte
de fazer assim um poema
sem tema
que pena
estragado estratagema
ovo sem gema
deixa, deixa
eu sair de casa
sobre o papel uma apostema
que queima, queima

veja a rua, a chuva já foi embora
sem teima
saiamos de casa
vamos, pois, ao cinema!

Nenhum comentário:

Postar um comentário