quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Puxar de cortina



Não sei quanto a despedida vair doer-me
e nem procuro pensar no peso das lágrimas
prefiro aguardar pela saudade como quem a espera com a luz apagada
E quando ela adentrar no meu quarto escuro e apagar todos os hálitos quentes
que ainda me restarem
estarei eu calado 
consciente
para ser violado
mais do que corpo
em alma
E quando pesar demais,
hei de encontrar na doce memória
que vive e sobrevive 
a tua face querida 
dos dias ensolarados que tagarelavam com nossa felicidade
felicidade incontida e livre
e solta 
e linda
e jovem
 como as crianças devem o ser. 
Hei de ter dias cheios de prantos ímpios
infiéis à vida
e fiéis a ti e tua cálida memória vivente 
de nuvens de sonho e de maçãs que hão de ser todas proibidas
e doces como as delícias 
Hei de ver na margem do rio solitário fluente das águas do tempo e da memória
filhos de Narciso que fluem e flutuam
dizendo que a leveza não é utopia
mostrando-me quaisquer
coisas ou nada
epifanias
e realidades verdades sonhadas
jorradas de livros não escritos 
que o amor 
não se mede com tempo
nem com saudade 
O amor é ser indivisível 
e contraditório
preguiçoso nos egoísmos
benevolente na paixão  e pouco ou muito amigo na distância-solidão
Solidão que prova que pouco se sabe de ser só
Pouco se quer
e pouco se pode
mesmo se estando 
na maior parte da vida que cai para todos
ou sobe
para os filhos Hórus
Que seja e nada tema
no mundo incestuoso que é o nosso
Sentir é o que glorifica
Tudo
que vale é pouco
e do pouco tira-se muito
embora desconheça-se
E dito e findo
aqui
Sinto no peito
já a dor
Fecho a janela
ouço o dedilhar da melancolia no piano
Adeus, adeus....


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