sábado, 18 de maio de 2013

sem musas nem estrelas.

hoje não me apetece falar da noite bonita
que se estende lá fora,
nem dos anjos de cabelos loiros
e túnicas roxas,
que supostamente tecem
os versos tristes de todos os poetas.

as estrelas estão lá, pois,
brilhantes e longínquas,
impossíveis,
mas elas não me dizem nada.

apetece-me falar do cadarço
do sapato da Mariazinha,
que caiu esborrachada
e amassou seu vestido novo;
do João que morreu
atravessando a rua,
quando ia comprar o jornal;
das colherinhas de açúcar
que despejo no café,
com as quais meço os meus dias.

apetece-me, finalmente, a poesia que dança
nas nádegas do rapaz que passa,
exibindo a sua calça laranja.

Um comentário:

  1. Gostei muito. Parece que as estrelas, mesmo loge, foram de grande inspiração :)

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