domingo, 26 de fevereiro de 2012

Vozes...

Tenho um espírito robusto,
de opiniões fortes, quentes e cristalizadas.
Tenho os pés, por vezes, fincados na terra.
Contudo, há um rio dentro de mim
que cresce, enche e bagunça-me;
desestabiliza-me e torna-me um outro
com olhos voltados para o céu,
em Órion e sua flecha,
desejosos de acertar o contundente Escorpião.
Matar o escorpião que há dentro de mim?
Dar as palmas da vitória para o arqueiro?
Matar e fazer cadáver o que nem se quer
                                         teme a morte?
Um drama em alma;
lidar com a terra teimosa e firme,
com os chifres do touro,
com o misticismo e a volúpia da água,
com o calor e o orgulho da peçonha.
Vencer o que prende-se ao próprio
                                         umbigo
e querer, como tanto quero,
dar vozes a outras vozes que estão em mim!?
Conheço-as bem, mas elas ainda se escondem,
receosas, têm medo dos outros cá fora.

Órion também chora.
Escorpião quer antes de morte,
o Amor e a Vida.
A água quer terra que se mova.
E a terra quer água que multiplique.
Tudo em uma única estação,
vento, sol, folhas e chuva...
Dividir o espírito
ou achar o coração
das coisas e também da mente...?
O céu é agora azul-jovem,
quase violeta,
e deus afrouxa os punhos;
o aquário pende,
nova água cai sobre mim,
sobre os homens.



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Silêncio, Lembrança e Mergulho.

Silêncio,
um pouco de silêncio agora.
Cá, comigo e com as coisas que tenho em mim,
coisas triviais, egoísmos bobos da alma,
do silêncio humano,
dos cantos e da solidão, essa quimera temida,
mal pensada, e necessária, tantas vezes.
Silêncio... Que se repete em mim,
no meu respirar, no peito que sobe e desce,
nas mãos que param e pensam com o espírito.
O silêncio das madrugadas mordidas
por lebres sinuosas e brancas de recolhimento.
Pensamento, suavidade e uma calma buscada.
Coração desmanchado e até maculado
de saudade, de lembrar
e quiçá se possa aqui falar
de um amor, com 'a' grande, se grande é 'ser grande'.
Calma dissipadora de angústia intolerante.
Silêncio buscado, encontrado, até felicitado.
Silêncio também chorado, mas respeitado.

E por fim, adquire-se, ou pensa-se que,
há uma harmonia.
Entre a alma, o corpo e o que se lembra,
entre antes, presente e depois depois,
entre ter e ser pensamento,
entre sentir e ver,
tocar sem tocar, imaginar,
que tudo também há de ser lembrança
e alguma nostalgia....
Mergulho,
na mente e no mais lindo par de olhos castanhos.
Na água. No Tempo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Saturno




Entro em casa
e sei que devia ter ficado comigo

pessoas às vezes são como pedras frias
bonitas, mas que podem
           te cortar com suas pontas.

E pra quem é assim
sensível na alma,
como eu tenho sido,

me doem muitas vezes coisas
que em outros nada significam.

Quero sentar-me
e olhar para a parede,
minhas fotos
           e minhas recordações,
ter certeza que o passado foi bonito
      e que
                  o futuro pode ser sorrido.

Ouvi dizer
que Saturno está próximo de nós
 da Terra
e que quando assim
   Ficamos todos a ler estrelas
                 olhar para  Lua
e sentir saudades.
Ser melancolia.

Eu tenho sido melancolia
               muito antes de Saturno,
               meus sorrisos são pobres
desde que tive de reaprender
 a dormir       só.
Desde que tive que me acostumar
                              com ausência
                              e perda
                              e tanto medo
                                 de não mais te ver.

a poesia me deixa mais calmo
 trás algum doce para minha vida,
Tranquilidade...
E com todos esses     pensos-pensamentos
                                    dependurados
eu vou tentar dormir
quieto
com sonho pequeninos e baixos
sem sonhos altos por hoje.
Sem sonhos...
Até que Saturno nos deixe
ou até que meu amor
regresse.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Só pra ti.

Cá,

comigo e sem intrusos,
deito-me dentro de mim,

Onde eu posso me esquecer,
E sonhar

Sem          ter       medo,

no silêncio que há em mim.

Descanso

Soli  dão 
             respeitada e privada,
querida e até sonhada.

Noite per di da em pensamentos
e abajur. 
Luz de abajur.

Só acenderia as luzes para ti.

Goodbye, Whitney Houston.

Em homenagem à cantora Whitney Houston, que faleceu neste sábado, dia 11 de fevereiro, aos seus quarenta e oito anos. É lamentável a sua morte, que segundo fontes mais próximas se deu por causa do abuso do uso de alcool e drogas.
Enfim. Creio que a melhor homenagem que podemos fazer é ouvir suas belas canções, que me marcam desde pequeno, quando minha mãe as escutava.
Adeus, Whitney, um doce adeus...







sábado, 11 de fevereiro de 2012

Morceguinhos




Hoje, meu amor,
meu pequeno,
os morceguinhos da insônia
vieram ter comigo
e me contaram 
que você também sente minha falta,
que vez ou outra,
ainda lembras de mim
como um sorriso meigo
que era todo seu,
como quando minhas mãos
escorregavam sobre 
tua pele e teus cabelos.
Mas perguntarás:
Como sabes disso?
Eu não sei.
O meu amor sabe. 


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os guada-chuvas.




Eu sempre gostei de guarda-chuvas. 
Vermelhos, brancos ou mesmo os negros.
Gosto deles
porque parecem ter vida própria,
personalidade,
querem sempre fugir com o vento
e balançar nossos corpos.
Gosto deles porque trazem a chuva
Ou a chuva é que os trás,
são dançarinos nos dia nublados que ameaçam garoas,
  nas noites molhadas e silenciosas.
Gosto porque acho-os bonitos,
Sonhando liberdade,
colorem, cobrem e voam,
Sadios e Sedentos...
Nós é que não voamos,
os seguramos,
os prendemos ao chão.
E no chão, com a gente, ficam eles,
 balançando-se e rindo-se
da nossa fragilidade,
dos nossos triviais e delicados
Medos.



Fonte da imagem ( found): http://noctos.tumblr.com/post/16445745755



Cacos de Amor - Luiza Possi


Eu ainda estou aqui emocionado com esta canção, cantada por Luiza Possi e sua mãe, a também cantora de música popular brasileira, Zizi Possi. 



''
Casos de amor
Cacos de vidro na areia
Cacos de vida no chão

Parte de mim
Acha que o tempo passou
Outra diz que não

Será que você ainda lembra de mim como eu quero
Será que o mar que guardou destruiu o castelo
De conchas e cacos de amor

Olha
No brilho de uma estrela que já não existe
É lá que meu amor te vê e ainda insiste
Como se calculasse um mapa astral

Juro
Eu não te quero mais como eu queria
Se o coração me ouvisse não andava assim
Pisando em cacos de amor

Casos de amor
Cacos de vidro na areia
Cacos de vida no chão

Parte de mim
Acha que o tempo passou
Outra diz que não

Será que você ainda lembra de mim como eu quero
Será que o mar que guardou destruiu o castelo
De conchas e cacos de amor ''


Pequenas Coisas

Essas pequenas coisas:
Lugares, músicas e fins de tarde,


Me aproximam de você
E se me fazem sorrir
Também Brincam
com a distância
com minha dor e minha saudade.

Fatalidade

Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.
Coisas breves.
leves, 
que o vento desfaz.


Como prender-te
em teia tão frágil? 


Poema de Luísa Dacosta in 'A maresia e o sargaço dos dias'.