Essa não é nova. Na verdade, li sobre esse personagem que Maurício de Souza introduziu na Revista "Turma da Tina" há mais de um ano, em um outro blog. Achei muito importante, ética e valiosa a atitude do desenhista mais famoso do Brasil, o criador da "Turma da Mônica."
quinta-feira, 31 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
Eu conheci um menino.
Eu conheci um menino.
Eu conheci um menino que me fez sorrir.
Eu conheci um menino que me fez chorar.
Eu conheci um menino que fez eu me sentir leve.
Um menino que sempre sorriu, me deixando corado.
Eu conheci um menino que fez de mim o homem mais ridículo, o mais tolo,
imprudente, a mais carentes de todas as feras.
Perdi o chão, perdi a pose e meu orgulho ficou em suas mãos.
Eu conheci um menino que me negou todos os beijos.
A não ser, o beijo que roubei.
Eu conheci um menino que me negou todas as chances,
todas noites, todos os braços e abraços.
Um menino que me presenteou com o seu silêncio, com a sua indiferença,
com o seu inconcebível mistério.
Eu conheci um menino que me fez chorar como uma criança,
humilhar-me como um mendigo e também sonhar como um tonto pierrot
apaixonado.
Eu conheci um menino que me fez tão pouco, que me evitou,
fugiu, não disse, desconversou, foi-se, não olhou para trás.
Eu conheci um menino e não o decifro.
Alguém que simplesmente me rejeita não rejeitando.
Um menino que me disse não dizendo.
Um menino que me presenteou com o seu silêncio.
E mesmo depois de todas as lágrimas perdidas no escuro,
de todos os soluços solitários, de todos os nãos,
eu ainda penso nesse menino.
Ainda o espero.
Espero não esperando.
Outros passam e acenam, chamam,
e muitas vezes eu vou.
Mas é nele que penso, e quando outras mãos me tocam que não
são as suas, minha alma lamenta-se.
Lamenta-se e pergunta-se o motivo para tanto mistério.
Um mistério que às vezes parece clarear-se, enchendo-se de vultos,
quantos paradoxos!
No fundo, a esperança já não é grande coisa.
Ele continuas a ser o menino calado. O menino que nada me diz e ao mesmo
tempo, diz-me tudo.
Diz não dizendo que eu devia desistir. Desistir de entender.
Porque a esperança de tê-lo ao menos em uma noite já se flagelou,
perdeu-se como nuvem,
dissipou-se com a poeira, partiu com a nau dos impossíveis.
Eu conheci um menino que insiste em habitar todas os meus versos.
Eu conheci um menino que invade todas as músicas, filmes, palavras e sons.
Eu conheci um menino que me diz tudo não dizendo nada.
Eu o conheci e o vejo partir sem olhar para trás.
Eu conheci um menino, pensando ter conhecido um homem.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Eu quero ser toda a luz....
Não quero beijos por beijos.
Nem mesmo quero abraços que sejam apenas braços.
Não quero sentir uma mão que escorrega sobre meu corpo.
Nem quero ser somente um substituto para o vácuo.
Eu quero sim, ser beijado por lábios que me traduzam sentimentos.
E quero braços a me abraçarem porque sentem-se confortados e amados por mim.
Eu quero uma mão que me toca com força.
E quero ser toda a luz que incendeia o seu coração.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Quatro e meia da manhã - Charles Bukowski
quatro e meia da manhã
os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
"ele tá bêbado de novo",
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
"ele tá bêbado de novo",
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
Charles Bukowski
domingo, 20 de março de 2011
Os teus olhos tristes me disseram.
Hoje vi novamente os teus olhos.
Vi os teus olhos me encararem com tristeza.
Não reconheço o motivo desta tristeza.
A não ser se for a tristeza de me ver tão perto.
Talvez seja.
Prefiro acreditar no contrário.
Prefiro acreditar que no fundo,
nos charcos da tua alma, nos confins,
tu também pensas em mim e pensas,
pensas, pensas e pensas que poderíamos dar certo.
Poderíamos. Para isso, só precisavas matar o teu silencio,
este silêncio que tanto me tortura.
Este silêncio que me faz escravo da esperança.
A esperança, aquela, a única, que resistiu à curiosidade de Pandora.
Aquela que nem mesmo a morte pode vencer,
aquela que sufoca a angústia, mas alimenta com pão seco o coração
dos que ainda têm fé.
Os teus olhos tristes hoje me disseram que poderíamos dar certo.
Poderíamos.
segunda-feira, 14 de março de 2011
A abstração mais linda e cruel do ser.
O tempo prova quem somos e quem erámos.
O tempo modifica, cria, inova e renova.
O tempo faz crescer, amadurecer, morrer.
O tempo mostra o que é que vale menos, poderia ter valido mais, ou não.
O tempo é quem nos diz se aquele beijo vai deixar saudades.
O tempo é quem nos grita que fomos tolos, que erramos podendo acertar.
O tempo é quem nos faz sorrir ao olhar para o passado que já se foi e não volta.
O tempo é quem insiste em mostrar-nos que não se pode esquecer de escolher.
O tempo é o pai.
O tempo é a morte que nos devora a cada segundo.
O tempo é quem despreza os lamentos de Gaya e nos engole.
O tempo é quem nos dá todas as chances.
O tempo nos toma das mãos de Cloto,
Faz cair e levantar sob o colo de Láquesis,
e nos joga sob o crivo da impiedosa tesoura de Átropos.
O tempo é nada, é tudo, é a abstração mais linda e cruel do ser.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Estou em paz.
Mas as lágrimas, além de enxugarem a alma,
trazem a compreensão. Estou em paz.
A minha tempestade dissipou-se.
Aprendi a te olhar de outro modo.
Um modo mais transcendente, onde as almas
não são apenas vultos. Onde o verdadeiro sentimento,
ultrapassa a fina linha do tempo e da matéria.
Estou em paz. Aprendi a te ver com olhos mais queridos,
complacentes, quase paternos. Meu amor não diminuiu,
ele apenas abrandou-se. Aprendi que o amor não cobra,
venci o meu egoísmo. Te quero apenas a sorrir.
Estou em paz, mesmo te vendo ao lado de outro rapaz.
quinta-feira, 10 de março de 2011
The Blower's Daughter - Damien Rice
And so it's
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it's
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...
And so it's
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it's
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind...
My mind... my mind...
'til I find somebody new
terça-feira, 8 de março de 2011
As chagas ainda sangram.
Eu não sei mais o que sinto.
São tantos os sentimentos, misturam-se.
Tenho saudade, medo, solidão.
Minha alma é também alegria, euforia e juventude.
Tantas vezes eu penso que poderia ser diferente.
Que tudo poderia ser novo, belo e suave.
Que não precisaria existirem trevas e nem inveja.
Que a sinceridade fosse um código social.
Mas o mundo faz soar sonatas de dor.
E deus não parece se importar com a fome,
com injustiça, com a guerra e a crueldade.
O bezerro de ouro ainda está lá, a rir-se dos que ainda tem fé.
O mundo é um mar de sentimentos.
Sentimentos sem cor.
Sentimentos com cor demais.
Sentimentos que ainda não sumiram de todo,
e mesmo que tudo pareça cair, ainda há o que se mantém, firme.
Não há lugar para lamúrias,
Para abraços desprovidos de interesse,
o amor está a caminhar disfarçado, sem que possamos vê-lo.
Mas ainda não acabou, há o que sentir.
As chagas ainda sangram.
A cruz e o crucificado ainda encaram sem piedade.
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