quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Númenna


Númenna - Into the West - é um poema escrito por Tolkien numa das línguas que ele próprio inventou, o Quenya. Na mitologia de Tolkien, esta é uma língua falada pelos ''altos-elfos'', pertencentes às casas de Noldor e Vanyar, aqueles que alcançaram Valinor, uma espécie de ''paraíso'', um grande Vale localizado no extremo Oeste da Terra-Média, morada dos Valar, que são os deuses que construíram e edificaram o mundo. Maiores informações sobre isso podem ser encontradas no livro póstumo de Tolkien, ''O Silmarillion''.  A partir do Quenya surgiram todas as outras línguas faladas por homens, hobbits, anões e outros seres que vivem na Terra-Média. Dessa forma, o Quenya pode ser comparado ao Latim Clássico, do qual derivaram as atuais línguas latinas faladas no Ocidente. Enfim, sou completamente apaixonado pela obra de Tolkien, a baixo têm o poema musicado e cantado em Quenya....



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

a última nuvem roxa.


lá se vai a última nuvem roxa
-a desgarrada, que no céu anda perdida-,
hoje, o senhor não quer lágrimas sobre esta terra.

voa sem pressa para trás de um monte
-a delicada-,
onde possa dar vez ao choro
sem sentir vergonha.

e se a pobre nuvem roxa
olha para terra com medo,
contendo-se,
eu largo os meus olhos soltos no céu
para que minhas lágrimas não caiam sobre chão.

Noite soluçante.


ave preta que poisou na minha janela,
ouves a noite a soluçar?
Ela é tão triste,
suas lágrimas são grossas,
como as de uma noiva abandonada no altar...

ouves, querida ave?
Tu que voas o dia todo
pelos campos e pelas colinas,
plantando e colhendo versos...
E à noite,
quando Apolo esconde sua cabeleira
loira por detrás dos montes,
voas para mim,
grasnando,
trazendo-me pequenos e
delicados versos,
botões de violeta
que escondo nos bolsos...

ah, mas de quê adiantam os versos
Se  não dão vida ao meu pálido coração
nem matam a tua negra solidão?


a Noite continuará soluçante...

domingo, 30 de dezembro de 2012

sábado, 29 de dezembro de 2012

Alma solitária


E assim,
como uma triste noiva abandonada e soluçante no altar,
a noite vai passando.
E passa de baixo da minha janela,
cantando os versos do poeta da minha terra:

''Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!

Que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?

Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!''

Alma solitária, poesia de Cruz e Souza.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Para o norte, andorinha, para o norte:

Ó,
estou cansado de andar,
os meus pés doem de pisar essa terra
dura e magoada,
cheia de espinhos e desencontros. 
Tantos desencontros,
tantas pontes levantadas em vão:
quase ninguém chega 
do outro lado da margem.

E há quem mergulhe neste rio
chamado solidão
e afunde nele com pedras
amarradas na cintura,
na esperança de adormecer
em tudo e para sempre,
de esquecer-se.
Eu também sonho 
com esse adormecer,
mas falta-me a coragem
e também
que os meus olhos deixem de brilhar quando veem estrelas.
Mas, ó, bem queria outro tipo de adormecer,
um mais mágico e mais pueril:
quem me dera deitar-me homem e
acordar-me pássaro,
de penas, bico e asas,
livre, pequeno, leve 
e esquecido,
Tranquilo.
Ser,
ser uma andorinha,
pra encontrar de novo o meu Norte
e d'ele nunca mais voltar.

O verão ainda está longe
e não posso mais viver pensando no amanhã:
vou deitar-me,
ao menos nos sonhos, 
a minha alma voa
e beija os lábios de quem amo.

Ouves os meus suspiros,
andorinha, ouves?
pois então,
leva,
leva a minha saudade
e a vontade dos meus beijos para ele,
já que tu tens asas
e eu
só os sonhos e espasmos

ah.
deixa escapar o verso.
ele sempre volta.
volta
pra te assombrar,
pra acordar o teu sono
e romper com teus sonhos.

o corvo-profeta não abandona
o alpendre da tua janela, jovem poeta.
vem sempre gritar aquele ''nunca mais''
que te faz condoer-se pelas tristes palavras
que ele canta.

e,
como milagre da madrugada
-milagres só acontecem quando o sol descansa-,
faz de ti quem resignifica, quem reinventa,
a mágoa que bebe do coração de ambos
- do corvo e do poeta.

Metamorfose

o poeta que dormiu pétala
acordou pedra.



domingo, 2 de dezembro de 2012

O guarda-roupa e as estrelas.


deixo o papel,
amoleço a mão e abandono a caneta.

Tenho de dizer olá à noite!
ao anoitecer,
os minutos crepusculares
que sempre me causam esta dolência,
este pesar nas pálpebras da alma
- uma dor que lateja bem fundo, sabe?
que vem não sei d'onde e nem porquê...
Uma vontade de rir e chorar,
uma angústia apertada
que me faz querer correr pr'a dentro...
dentro de mim?

Procuro o guarda-roupa da sala vazia,
lugar secreto, onde escondo os meus versos.

É assim desde que sou muito pequeno
- debruçado sobre a janela,
palpitante como a noite que se desfia,
contando estrelas,
crente de que as histórias que elas cantam
são ouvidas só por mim.