quinta-feira, 26 de maio de 2011

Confissões.



Foi mesmo eu,
apenas a minha alma sonhadora,
minha mente degraçadamente fértil,
que sem pedir permissão,
já se coloca a construir castelos,
levantar céus,
onde o abismo universal seria o nosso teto,
e mesmo assim, onde pela eternidade, viveríamos de nós.
mas os castelos estão sempre na ponta de penhascos íngremes,
Mas o castelo sempre desmorana,
falece, desmonta, padece na escuridão da indiferença,
do nada.
Foi apenas,
Apenas eu,
 tornei aqueles minutos eternos,
e já depois tanto tempo,
de tanta solidão vivida,
ainda o vivo como se fosse vida.
Depois te tanto tempo,
minhas mãos ainda suam,
minha voz vacila e contemplo,
no meu tolo e impune amor,
a tua imagem,
doce, sensível, pedindo-me coisas,
pedindo-me abraços e proteção.
E eu, solitário saudoso,
recrio na pálida esperança do meu ser,
novamente,
nós dois.
Mas é quando a brutal indolente cruel realidade,
diz-me para regressar,
regressar para as sombras vazias sem você,
Ainda assim, resisto e voo ainda mais alto.
E embora,
seja eu o escravo da nostalgia,
ou ao menos,
aquele que se permite a ela,
sozinho,
eu sei e teus olhos também me disseram,
confessaram-me,
que quando vagueias nas profundezas do vales da alma,
quando se colocas só, com os ouvidos calados,
a olhar para o céu e para passado,
para aquele vestício quase morto de quê foi e não volta,
sou eu,
sou eu que tu vês diante de ti,
aquele que não negaria nem mesmo uma palavra,
que renunciaria dias e dias pela sua companhia,
sou eu, o homem que tu vês nos dias solitários,
é a mim que procuras na ausência insólita,
e ontem me disseste isso,
somente eu,
somente,
fui o escolhido dos teus olhos,
e dentre todos,
todos,
disseste,
sem querer dizer,
que é em mim que confias,
e eu,
contendo minhas lágrimas,
apenas te disse,
com os olhos,
que ainda estou lá,
te esperando,
na ponta do penhasco,
e mesmo que eu saiba que ainda não virás,
que resistes sem me dizer porque,
teus olhos,
meigos,
eles já me escolheram,
disseram-me que mesmo não vindo,
é na saudade que me encontram.

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